Stanley Kramer | Estados Unidos da América, 1967, ficção, 108 minutos, M/12

Depois de um período de férias no Havaí, Joanna retorna a casa, em San Francisco com o seu noivo, o conceituado Dr. John Prentice, para apresentá-lo aos seus pais. A mãe é dona de uma galeria de arte e seu pai é o editor do jornal The Guardian. Criada num ambiente liberal, Joanna pretende casar-se com John, viúvo e negro. Todo o enredo gira em torno do desconforto da família ao confrontar-se com uma relação e futura união interracial. Durante todo o filme há uma atmosfera de tensão e contradição entre o discurso/apresentação pública e o comportamento privado. Ao longo do filme, estão em jogo as diferentes camadas dos valores pessoais e coletivos, de maneira que nunca se descamba para uma simplificação dualista e a tensão torna-se ainda mais evidente quando chegam ao jantar os pais do próprio John, que também não aceitam a união. Sidney Poitier aparece aqui num papel em que se confrontam, por um lado, as inúmeras virtudes e méritos do personagem, e, por outro, os valores regressivos de uma sociedade que se recusa a reconhecê-lo como igual. Algumas críticas apontam o desempenho de Sidney Poitier como uma adaptação ao gosto da classe média americana, sem que sejam desnudados os conflitos étnicos realmente existentes; segundo essa opinião, o seu retrato teria passado por uma domesticação que adoça os problemas profundos, além de excluir uma cultura mais popular restrita aos “guetos”. 

No ano em que Sidney Poitier morre, pretendemos, com esta exibição, fazer-lhe uma justa homenagem.

Prémios: Oscars da Academia de 1968 para Melhor Atriz (Katharine Hepburn) e Melhor Argumento Original (William Rose)