Eu. Tu. Eles. Nós. Homem. Mulher. Criança. Eu. Branco. Preto. Negro. Cigana. Sapos. Estrangeira. Estranho. Eu. Judeu. Islão. Católica. Credo. Inclusão. Exclusão. Eu. Nacionalidade. Limite. Poder. Segregação. Muro. Fronteira. Cá. Lá. Atravessar. Mirar. Barco. Mar. Terra. Eu. Autorização. Visto. Quota. Residência. Casa. Bairro. Violência. Emprego. Cidadania. Dignidade. Eu. Direitos. Humanos. Respeito. Comunidade. Família. Vida. Morte. Miséria. Fome. Guerra. Ódio. Eu. Ilegal. Conflito. Segurança. Insegurança. Vigilância. Refugiado. Medo. Ocidente. Oriente. Norte. Sul. Eu. Outro.
Não há parágrafo que possua a amplitude necessária para abarcar todas as palavras e imagens repetidas ao longo do último ano. É neste contexto que a 3.ª edição da MICAR – Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista assume o desafio de dar um rosto às palavras, de se aproximar à realidade de quem as habita e de derrubar muros.
Afinal, o cinema tem esse condão: não nos deixar indiferentes e não deixar cair o Outro na indiferença.
E é através do cinema que olhamos para a discriminação, para o racismo e xenofobia, desde a questão dos refugiados na Europa e no Médio Oriente, passando novamente pelo colonialismo e pós-colonialismo, pela violência sobre as comunidades ciganas até às dificuldade sentidas por milhões de migrantes em vária partes do planeta.
A Mostra Internacional de Cinema Anti-Racista, promovida pelo Movimento SOS RACISMO, repete, nesta sua terceira edição, o seu principal propósito – estimular a reflexão e o debate, para que a indiferença não vença.
Este ano, a MICAR volta a contar com um espaço para os mais novos na sexta-feira, dia 14 de outubro, com a exibição de dois filmes: “Clube das Crianças Feias” (2012), de Jonathan Elbers, e “Samba” (2014), de Olivier Nakache e Eric Toledano.
Ainda na sexta-feira, iremos também inaugurar uma exposição de fotografia, que estará localizada no próprio Rivoli, sobre o projeto que o SOS Racismo tem vindo a desenvolver em 2016, denominado “Não engolimos sapos”, e que se centra na problemática da utilização de sapos nas montras de lojas comerciais, com o propósito de afastar elementos de comunidades ciganas. Na inauguração, será exibida a premiada curta-metragem de Leonor Teles, “Balada de um Batráquio”.
Pela tela da MICAR irão passar mais de uma dezena de filmes, destacando-se “The Black Power Mixtape 1967-1975” (2011), de Göran Olsson, o premiado “Lampedusa in Winter”, de Jakob Brossmann e “A Walnut Tree” (2015, estreia absoluta em Portugal), de Ammar Aziz.
Iremos regressar a clássicos, como os sublimes “O medo come a alma” (1974), de Rainer Werner Fassbinder, e “A Pirâmide Humana” (1961), de Jean Rouch, e contaremos ainda com a presença da realizadora húngara Eszter Hajdú, para um debate em torno do seu filme de 2013, “Judgment in Hungary”, que será exibido no sábado, dia 5 de outubro, pelas 21h30.
Como sempre, a entrada para todas as sessões é gratuita, embora sujeita a levantamento prévio de bilhete nas bilheteiras do Teatro Municipal do Porto – Rivoli.
Contamos convosco!